CURIOSIDADES
A importância do sal no organismo
Os iões cloreto e sódio são os dois principais componentes do sal necessários para a sobrevivência de todos os seres vivos, incluindo os seres humanos. O sal está envolvido na regulação da quantidade de água do organismo. O sal existe nos mares e nos continentes, nas células e no líquido que as envolve.
A vida sem sal, não teria graça, como não seria possível: o sal temperou a história da humanidade.
Quem é que ainda não ouviu a expressão? – “Ela é linda, mas não tem sal”
Aspectos Socio-económicos
O sal está presente, desde os tempos antigos, na história da humanidade. Começou a ser explorado e usado no início do Período Neolítico, há cerca de 10 mil anos, quando surge a agricultura, a pecuária e as primeiras comunidades rurais.
Historicamente a exploração de sal realizava-se em salinas nas zonas costeiras e nos mananciais de água salgada (depósitos de sal no subsolo), as salinas de manancial foram perdendo importância e abandonadas durante o século XX sendo substituídas pela exploração nas minas.
Até ao final do século XIX o sal era o único agente que preservava certos alimentos, acabando com a dependência alimentar sazonal e permitindo as viagens de longas distâncias suprindo a carência alimentar. O sal desidrata a carne e o peixe impedindo a deterioração e impede o desenvolvimento de vermes que precisam de água para sobreviver.
A importância económica na Europa é tal que circulavam dezenas de milhares de toneladas do produto por ano nos portos e estradas conduzindo ao estabelecimento de novos centros urbanos.
A via Salária era a rota utilizada pelos Sabinos (tribo da região central da Península Itálica) para transportarem sal até à bacia do Rio Tibre. Os historiadores consideram que a Salaria esteve ligada ás origens de Roma.
Actualmente, com os novos métodos da física e química, o sal passou para segundo plano como conservante alimentar.
O sal influenciou a vida do homem a todos os níveis ao longo da sua história como símbolo religioso, moeda, fonte de poder e motivo de conflitos, influindo no destino dos povos.
Religião
Os Assírios utilizavam o sal nos cultos e no Antigo Testamento o sal narra a ira divina.
Para os Hebreus o sal era um elemento purificador, símbolo da aliança entre Deus e o povo de Israel.
Na Arábia praticava-se a comunhão de sal, cerimónia sagrada.
O ritual do baptismo da Igreja Católica Romana reafirma a crença judaica como elemento purificador.
O quadro “A última ceia” de Leonardo da Vinci (1452-1519) retrata um saleiro derrubado diante de Judas – a crença da época dizia que, se uma pessoa derramasse sal, deveria arremessar alguns cristais por cima do ombro esquerdo – o lado que representava o mal. Na Idade Média desperdiçar sal era sinal de mau agouro.
As cidades Inglesas Wich e wych – do latim vicus – identificam zonas de salinas em Inglaterra. O sufixo wich está associado a locais de produção de sal tais como Middlewich, Nantwich, Northwich etc.
A guerra (bélica e comercial)
Vários povos, tal como os Sírios, utilizaram o sal para destruir produções agrícolas como arma bélica contra os seus inimigos.
As minas de sal na zona da actual Cracóvia (Polónia), impulsionaram um vasto reinado no século XVI, que viria a perder importância com a comercialização do sal marinho.
A descoberta do novo mundo trouxe novos produtos para consumo e para troca o que fez superar parte da singularidade do comércio de sal.
Remuneração e Impostos
Durante o período romano, o sal era utilizado como forma de remuneração (o soldo) dos soldados romanos dando origem á palavra salário (salarium do latim).
A moeda de troca no Tibete eram os pães de sal.
Na Idade Média a gabela foi um imposto Francês sobre o sal.
O imposto de sal cobrado na Índia pelo Império Britânico, foi uma das razões do movimento de Mahtma Gandhi “Dandi March” .
Saúde
A referência mais antiga de registo histórico das diferentes espécies de sal e suas aplicações no bem estar comum é na China por volta do ano 2700 AC.
Hipócrates recomendava aos seus discípulos a utilização de banhos de água salgada como forma de cura de enfermidades.
A insuficiência ou excesso de consumo de sal varia com as necessidades bioquímicas individuais. O seu desquilíbrio aumenta o risco de contracção de doenças.
Etimologia
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Salada – Prato de vegetais temperados com sal
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Salado, Salgado, Salão – Terreno salino ou salgadiço
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Salário – Remuneração
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Salé – Carne salgada
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Saleiro – Tanto é o recipiente onde se guarda o sal, com o qual salpresamos ou salpicamos os alimentos no prato
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Salineiro – Homem que vende ou produz sal
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Saleira – Barco de fundo chato do Vouga
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Salero – Graça vivacidade
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Salga – Acto de salgar os alimentos
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Salgadinhos – Aperitivos
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Salganhada – Desarrumado, confusão
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Salgados – Terras baixas, alagadiças invadidas por águas cuja salinidade ou salugem as torna salgadiças, local onde se instala a salicultura ou salicicultura
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Salgados, Salicáceas, Salgadeiras – Plantas
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Salinómetro – Aparelho que mede o teor de sal
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Salícula ou salífero – Terreno que produz sal
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Salmoura – Água mais ou menos saturada de sal, utilizada para conserva
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Salmoeira – Vasilha
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Salobra ou salmaça – Água doce contaminada com sal
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Salsa – Como adjectivo, é o mesmo que salgada ; como substantivo é a erva que usamos como tempero de muitas confecções culinárias
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Salsicha (salchicha) e salpicão – São nomes de enchidos temperados com sal
Expressões
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Pão sem sal – pessoa sem vivacidade, sem graça
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Moído como o sal – estar cansado
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Pôr o sal na moleirinha – arreliar alguém
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Tirar-se do sal e meter-se na salmoura – sair de um embaraço e meter-se noutro
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Estar como uma pilha (de sal) – estar enervado. expressão corrente – estou que nem uma pilha…)
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Grande vai o mal onde não há pão nem sal
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Não pises o sal se não queres que te venha mal
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Não tem sal nem onde se deitar
Cristina Paulo